21/05/2009

Vinícius

Deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces... Nada te poderei dar, senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto, a tua presença... é qualquer coisa como a luz e a vida.
Sinto que em meu gesto, existe o teu gesto, e na minha voz, a tua voz. Também não posso te querer ter... Porque em meu ser, tudo estaria terminado.
Posso sim querer só, que surjas em mim como a fé nos desesperados, para que eu possa levar uma gota de orvalho à esta terra amaldiçoada que ficou em minha carne como uma nódoa do passado.
Então eu te deixarei ... Tu irás e encontrarás a tua face em outra face, teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mesmo assim tu não saberás, que quem te colheu fui eu... Porque eu fui o grande íntimo da noite, porque eu encostei minha face na face da noite, e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos, enlaçaram os dedos da névoa, suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Então eu ficarei só, como os veleiros nos portos... Silencioso. Mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas, serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada... *Vinícius de Moraes

1 comentários:

aaspinheiro disse...

nussa pq vc não lança um livro..?
muito bonito essas palavras(poesias)
=D

 
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