Mocidade e Morte
..No seio da mulher há tanto
aroma...
Nos seus beijos de fogo há
tanta vida...
Árabe errante, vou dormir à
tarde
A sombra fresca da palmeira
erguida.
Mas uma vez responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
Morrer... quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem...
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher-camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas.
Minh'alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas...
E a mesma vez repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: — impossível!
Eu sinto em mim o borbulhar do gênio.
Vejo além um futuro radiante:
Avante! — brada-me o talento n'alma
E o eco ao longe me repete-avante!—
O futuro... o futuro... no seu seio...
Entre louros e bênçãos dorme a glórial
Após-um nome do universo n'alma,
…Quando a sede e o desejo em nós palpita...
Levei aos lábios o dourado pomo,
Mordi no fruto podre do Asfaltita.
No triclínio da vida— novo Tântalo —
O vinho do viver ante mim passa...
Sou dos convivas da legenda Hebraica,
..Já me foge a razão na noite fria!..
♦Fragmentos poesia Castro Alves em homenagem a este dia que nasceu o grande poeta brasileiro.
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